Uma amiga brasileira
que estuda em Chicago, terra de bom blues, trabalha com relações
literárias entre Walt Whitman, antropofagia oswaldiana, poesia e
música. Daí me pediu pra traduzir ao inglês – certo seria dizer
verter – um poema de
Chacal, e eu verti.
Chacal é poeta dos setenta, pós-explosão do amor dos sessenta e pouco.
Carioca, foi publicado em coisas de Torquato e Waly Sailormoon, e é
dos nomes mais conhecidos da marginalidade literária que começou
por ali, com ele, na geração mimeógrafo.
Então
traduzi América Amem
– melhor dizendo, verti – e cá está. Dei-me o direito de
substituir referências mitológicas (fauno por sátiro, por exemplo)
e especificar acepções mais polívocas (pau duro, embora Patrícia
– a amiga – tenha me lembrado que pau,
além de ser o pau do pau duro, é pau de madeira também, coisa que
eu muito libidinosamente sequer havia considerado quando traduzi
woody).
Outra
coisa polivocidade que bem deixei passar, eu sei, foi a ambiguidade
de amém, a exclamação
religiosa, e amem, o
verbo bem conjugado no imperativo (categórico, diria Kant se ele
fosse woody). Mas optei por uma exclamação abrangente, um quase
vocativo que encerra o chamado também incluído em amém.
Vejam vocês.
AMERICA
HEY MEN
america
hey men
taught
me so be it
anthropophagic
pagan
a
levis-suited satyr
america
hey men
words
wore
wordy
america
hey men
pau
duro duro
voo
doo
bean
& burp
america
amen
our
despair
our
passion
immense
AMÉRICA AMEM
américa amemme ensinou a ser assimantropofágico pagãoum fauno de calça leeamérica amempalavraspalaspalavreadosamérica amemwoody woodyvoo doofeijão & arrotoamérica amemnosso desesperonossa paixãoimensa
Além
disso, já que o trabalho é sobre a relação com a poética de
Whitman, e já que Chacal é fauno de calça lee, seguem dois vídeos
publicitários da Levi's – que não é Lee, mas é jeans –
capitalizando no bom barbudo, o espírito da revolução americana.
Diz-se que o vídeo de America tem
o áudio do próprio Whitman declamando seu poema. Quem saberá?
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