segunda-feira, 17 de junho de 2013

menos que um: chacal e américa amem em inglês

Uma amiga brasileira que estuda em Chicago, terra de bom blues, trabalha com relações literárias entre Walt Whitman, antropofagia oswaldiana, poesia e música. Daí me pediu pra traduzir ao inglês – certo seria dizer verter – um poema de Chacal, e eu verti.

Chacal é poeta dos setenta, pós-explosão do amor dos sessenta e pouco. Carioca, foi publicado em coisas de Torquato e Waly Sailormoon, e é dos nomes mais conhecidos da marginalidade literária que começou por ali, com ele, na geração mimeógrafo.



Então traduzi América Amem – melhor dizendo, verti – e cá está. Dei-me o direito de substituir referências mitológicas (fauno por sátiro, por exemplo) e especificar acepções mais polívocas (pau duro, embora Patrícia – a amiga – tenha me lembrado que pau, além de ser o pau do pau duro, é pau de madeira também, coisa que eu muito libidinosamente sequer havia considerado quando traduzi woody).

Outra coisa polivocidade que bem deixei passar, eu sei, foi a ambiguidade de amém, a exclamação religiosa, e amem, o verbo bem conjugado no imperativo (categórico, diria Kant se ele fosse woody). Mas optei por uma exclamação abrangente, um quase vocativo que encerra o chamado também incluído em amém. Vejam vocês.

AMERICA HEY MEN

america hey men
taught me so be it
anthropophagic pagan
a levis-suited satyr
america hey men
words
wore
wordy
america hey men
pau duro duro
voo doo
bean & burp
america amen
our despair
our passion
immense

AMÉRICA AMEM

américa amem
me ensinou a ser assim
antropofágico pagão
um fauno de calça lee
américa amem
palavras
palas
palavreados
américa amem
woody woody
voo doo
feijão & arroto
américa amem
nosso desespero
nossa paixão
imensa

Além disso, já que o trabalho é sobre a relação com a poética de Whitman, e já que Chacal é fauno de calça lee, seguem dois vídeos publicitários da Levi's – que não é Lee, mas é jeans – capitalizando no bom barbudo, o espírito da revolução americana. Diz-se que o vídeo de America tem o áudio do próprio Whitman declamando seu poema. Quem saberá?




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