sábado, 16 de fevereiro de 2013

Budismo Humanista: segunda nota - a questão do Grande Mestre

Terminada a tradução da introdução do livro, algo me saltou aos olhos de uma forma que não saltara antes, na primeira leitura: o autor - Ananda Guruge, do Sri Lanka - se refere ao monge e grande mestre da ordem budista Fo Guang Shan - 星云, Hsing Yun - exatamente por essas palavras: Grande Mestre Hsing Yun. Ou, em alternativa, Venerável Mestre Hsing Yun.

Uma das únicas passagens em que Hsing Yun é designado de outra maneira é, como veremos, na primeira linha dessa introdução:

Venerable Dr. Hsing Yun is the Grand Master of the Fo Guang Shan Buddhist Order [...]

Mesmo aqui, com o "doutor" como título inicial, a expressão Grande Mestre é imediatamente apresentada. A explicação para tal fato é bastante simples: em chinês existem duas nomenclaturas típicas no que se refere à designação de monges budistas. Uma delas, que se aplica a todos os monges ordenados e, por isso, professores de Dharma - a doutrina budista - é fashi, 法师, sendo fa (法) a mensagem, o Dharma, e shi (师) o professor, o mestre.

A outra forma, reservada aos monges e mestres mais antigos e reconhecidos, normalmente responsáveis pela coordenação e orientação das ordens monásticas, é justamente Grande Mestre, dashi, 大师. Junte-se a isso o Venerável, que volta e meia aparece, e temos um texto em que a ubiquidade de "Grande Mestre" é dificilmente contornável.

Porque, traduzindo, mesmo que eu substitua o excesso dessa expressão por pronomes relativos, ainda teremos uma quantidade bastante grande de Grande Mestre a designar o nosso monge. E a explicação para isso também é simples: nos mosteiros e templos, entre a comunidade que segue a orientação de Fo Guang Shan, a forma de se referir a Hsing Yun é absolutamente sempre Grande Mestre, Venerável Mestre, Grande Venerável Mestre e por aí vai.

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