quinta-feira, 23 de maio de 2013

menos que um: canção de maeterlinck

Descobri recentemente que a poesia simbolista belga, entre a racionalidade francesa e o romantismo alemão,  deu origem a uma tradição bastante diferente dos outros dois países. Descobrindo Maurice Maeterlinck, encontrei uma canção que aqui traduzo. Canção é um gênero lírico do qual gosto bastante, sobretudo pela - óbvia - musicalidade que o compõe (há mesmo uma referência sobre esse poema ter sido musicado e/ou arranjado para piano por Jean Absil, mas não encontrei o áudio. Deixo aqui uns extratos de composições dele, de todo modo).

Maeterlinck recebeu o Nobel de literatura em 1911, é conhecido pelo misticismo de influências flamengas e pela importância que tem no simbolismo francófono. Aqui ele canta. Ouçamos.

Procurei trinta anos, irmãs,
onde foi que se escondeu!
Procurei trinta anos, irmãs,
sem chegar mais perto del'...

Procurei trinta anos, irmãs,
e meus pés cansaram,
Ele estava em todo canto, irmãs,
inexistente...

Chegada a triste hora, irmãs,
retiro as sandálias,
A noite também morre, irmãs,
e minha alma falha...

Vocês tem dezesseis, irmãs,
partam para longe,
Peguem meu bordão, irmãs,
vejam onde se esconde...

J’ai cherché trente ans, mes soeurs,
Où s’est-il caché!
J’ai marché trente ans, mes soeurs,
Sans m’en approcher. . .

J’ai marché trente ans, mes soeurs,
Et mes pieds sont las,
Il était partout, mes soeurs,
Et n’existe pas. . .

L’heure est triste enfin, mes soeurs,
Ôtez mes sandales,
Le soir meurt aussi, mes soeurs,
Et mon âme a mal. . .

Vous avez seize ans, mes soeurs,
Allez loin d’ici,
Prenez mon bourdon, mes soeurs,
Et cherchez aussi. . .

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